Era uma vez um moleque gordo que cresceu dentro de um Opala e ficou marcado por isso pelo resto da vida...

domingo, 21 de março de 2010

Problemas, sustos, uma oferta e uma alma lavada

Sábado de sol, céu de brigadeiro sorrindo em meio a vários dias nublados e chuvosos. Pergunta: qual o programa do dia? O de vocês eu não sei, o meu foi ir pro mecânico.

Finalmente, consegui que o Eduardo levantasse o carro pra orçar a bendita suspensão, além de ver o que causou a festa de São João fora de hora, segunda passada. O cara é ocupado, tão pensando o quê?

Colocando as coisas em ordem inversa, vou falar do mais fácil (ou sei lá, menos ruim, mas talvez não) primeiro: o carro estava horrendamente fora do ponto. Mas o Eduardo não tinha regulado o ponto dele da outra vez, quando trocou as pastilhas d'água? Sim, tinha, e isso me faz lembrar da síndrome do castelo de cartas - mexe-se em uma, caem todas. Acho que aquele orçamento de velas, cabos, rotor e tampa do distribuidor vai ter que se concretizar logo, logo... e isso só pra ver o que vai pifar logo depois, vocês vão ver.

O que deu pra entender é o seguinte (na minha pobre percepção): não adianta regular, assim que se começa a forçar o motor a coisa toda degringola de novo. E isso, de um jeito bem tosco, me causou certo alívio... já-já eu conto por quê.

Agora, o troço cabeludo. O Rogério levantou o carro pra olhar a suspensão. Maaaaaaaano... Phwd3w, de vez. A coisa tá feia, mas feia mesmo. E não só na suspensão. Eu quero imagens, eu quero imagens!!


Buchas? Que buchas? (1) - Detalhe: olha só o xará lá atrás...



Buchas? Que buchas (2) Sente só a situação da balança direita, completamente fora do lugar e prestes a pular fora




O câmbio? Bem, digamos que, na falta do original, um outro foi... hã... adaptado. A sustentação original do câmbio varetado foi literalmente serrada...




... e o suporte de um outro mais novo foi soldado no lugar



Tá amarrado, irmão!! Será que o cara que fez isso confiava no suporte do novo câmbio?


Bem, uma coisa ficou definida: esse carro nunca teve a caixa de mudanças na direção, era câmbio no assoalho de fábrica - as evidências abundam, inclusive o suporte velho cortado mostra o lugar inicial da caixa de mudanças. Mas, não contente com o varetado original, algum antigo dono muito lambão simplesmente arrancou fora e enxertou outro no lugar...

OBS.: Adeus, sonho de banco sofá... vão ficar os separados mesmo, mas vou conseguir os originais (o jogo que eu tenho é do '75 pra frente).

Agora, duas coisas que meteram medo de verdade:


Na roda dianteira esquerda, dois parafusos da suspensão estão tão frouxos que a coisa toda estava quase caindo - mesmo. Não sei quantas voltas foram dadas nesses benditos parafusos pra fixá-los de maneira minimamente decente. Era pra eu ter ficado sem roda no meio da rua.



Agora, (o que era pra ser, ou um dia foi) a longarina do lado esquerdo. A coisa tá muito, mas muito pior do que eu poderia imaginar nos meus piores pesadelos.



Amassada, torta, remendada



Mais de perto, a coisa piora



E piora mais ainda, quanto mais perto se chega da fixação da suspensão. Completamente podre



Sério, não dá pra imaginar quantas vezes essa longarina quebrou ou apodreceu e foi (muitíssimo mal) remendada. A coisa tá tão feia que o próprio Eduardo não opinou na hora de decidir o que fazer primeiro, a suspensão ou a reconstrução completa da longarina. Acho que vou ter que fazer essa primeiro, porque não vai adiantar trocar a suspensão pra fixar numa estrutura dessa. A saída é uma longarina toda nova, construída do zero. Vamos lá no Samuca, pra ver se ele topa um troço suicida desse (e quanto ele vai me cobrar...)

Moral da história? Crianças, quando forem comprar um carro com 37 anos de idade, OLHEM EMBAIXO DELE ANTES DE FECHAR NEGÓCIO!!!


Tava achando que acabou? Nananina... Outros pobreminhas:


Olha a obra de arte no cárter, todo amassado



Tá vendo a gotinha translúcida? É água, ainda vazando (a tão temida pstilha d'água da parte de trás do bloco também está mal das pernas, e pra trocar tem que tirar fora a caixa. Detalhe que também tá caindo óleo da própria caixa de marcha



Sente o drama: tudo borrado. Pra se ter uma idéia real do estado do motor, isso tudo vai ter que ser lavado. A longarina direita está bem melhor que a outra, embora também um pouco bombardeada


Bem, alguma coisa tinha que criar uma esperança nessa história toda, né? Pois bem: quando viu o estado do câmbio e o vazamento da pastilha d'água posterior (vai ter que desmontar tudo aquilo mesmo), o Eduardo me fez uma proposta indecente: ele tem uma caixa 4 marchas do ano do Ogro, toda certinha, e me ofereceu instalada, com a pastilha trocada e o mais, além do conjunto de embreagem, por um preço impublicável de bom. Resta saber se eu vou conseguir me virar na grana...

E pra fechar o dia, a lavagem da alma: depois de tanto tosse-tosse, ponto pulado e mortes súbitas no meio da rua, eu já estava me achando um inepto por não conseguir do Ogro um rendimento mínimo. Será que eu estou tão acostumado com golzinhos e outros 1.0 que não consigo encher a capacidade de um Opala? Mas não. Ao ver meus insucessos em tirar o carro de ré da rampa que é o acesso à oficina (o carro morria direto ao tentar subir), o Eduardo, indignado:

- Ah, peraí que eu vou dar uma volta nesse carro. Quer com emoção ou sem emoção?

Pulo pro carona e ele sua feio pra tirar o carro do lugar. O bicho cuspia, tossia, estourava, morria e não saía. Até que o Rogério deu uma mão empurrando e saímos.

Na mão dele, os mesmos problemas que eu enfrento. O Ogro não responde, antes de sair da inércia resmunga feio, quase morre. O rendimento na reta, já em movimento, também está sofrível. E, depois de penar pra colocar o carro numa vaga complicada perto da minha casa (ele nem quis voltar pra oficina dirigindo), diz:

- Cara, esse carro não pode andar, não.

Pode parecer cruel, mas senti um alívio tão grande... Pelo menos a incapacidade não é minha, e sim do carro - mais fácil de resolver, portanto.

O que fica agora é uma única dúvida. Qual problema mais que urgente eu resolvo primeiro: o risco de o carro não andar, arriar no chão ou quebrar no meio? BUÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ...

2 comentários:

  1. Meu amigo, tenho acompanhado pari passu suas desventuras com o Ogro. Sei que, assim como eu, a vontade às vezes seria de mandar fazer tudo que precisasse e daríamos um jeito ($$$) depois...

    Mas a realidade não é essa.

    Assim, por mais tentado que fique em ver o carro andando, sinceramente: cuida dele de dentro pra fora, do interior para o exterior, da estrutura para o acabamento.

    Ou seja, opte por consertar, antes de mais nada, as longarinas.

    O resto é resto...

    Essa é minha opinião...

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  2. Valeu pelo toque, Adauto, acho que essa é mesmo a melhor coisa a fazer. Devo dar um pulo no restaurador amanhã pra ver o que pode ser feito. Até encontrei no MercadoLivre um anúncio de longarinas originais pra ele, mas fico na dúvida sobre ser enganação.

    Vontade de desistir ainda não deu, mas às vezes eu paro pra pensar se não teria sido uma boa ideia aceitar os 3 barão que um amigo do vendedor me ofereceu por ele, no dia em que fui buscá-lo lá na Vila Militar. Só de pensar no montante de coisa a fazer e grana pra gastar, dá um calafriiiiiio....

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