Era uma vez um moleque gordo que cresceu dentro de um Opala e ficou marcado por isso pelo resto da vida...

domingo, 6 de junho de 2010

A questão principal: por que ESSE carro?

Continuemos. Mais de uma vez, durante esses últimos tempos, fui confrontado com o fato de que, se eu fizer todo o necessário para deixar o Ogro realmente impecável, vou gastar tanta grana que poderia comprar vários Opalas de mesmo ano, em muito melhor estado, e fazer uma restauração menos problemática e desesperada. Até mesmo comprar um carro realmente muito bom, no mesmo modelo do meu, e não gastar grana quase nenhuma pra chegar ao ponto de novo. "Picota esse carro, vende tudo e compra outro melhor com a grana", dizem eles. Não posso negar, isso tudo é realmente verdade. Mas existem alguns pontos que não são levados em consideração pelas pessoas que me enchem a cabeça com essas idéias:

1) Sim, essa tem que vir primeiro: grana. Se eu tivesse uns R$15.000,00 não mão pra comprar um carro, é simplesmente óbvio que eu teria comprado um carro muito melhor. Mas eu não tinha. Na verdade, não tinha nem grana pra comprar esse, e até hoje ainda estou pagando o empréstimo que fiz no Itaú (as parcelas vão até dezembro, se não me engano). Comprei o que pude, e vou fazer do jeito e na velocidade que dá. Não é à-ta que o nome do Blog é "O Opaleiro Louco": só alguém fora de seu juízo normal começaria um projeto imenso e maluco como esse, nas condições financeiras em que eu me encontro. Vou levar boa parte da minha vida fazendo esse carro, tenho certeza, e vou gastar uma grana de respeito. Vou precisar de outro carro pra bater no dia-a-dia, enquanto o Ogro ficar no estaleiro. Mas se é assim que deu pra começar, é assim que vou seguir.

2) Sou teimoso. Verdade mesmo. E isso é facilmente exemplificado pela última frase do item acima. Não sei largar o osso. Não vou desistir do carro porque a coisa tá difícil. Espero, contorno, junto grana e faço. Vai demorar, vai ser difícil. Mas vou fazer.

3) A graça e a aventura do processo. Não é só ter um carro lindo e impecável, tem que ver o bicho voltando à vida, e de preferência participar do processo. Gosto de meter a mão na massa, de ver a coisa acontecer. Comecei muito de baixo? Ótimo, mais coisa pra fazer. Tem gente que gasta grana em cigarro, bebida, droga, bordel. Consequências? O trinômio infarto-derrame-câncer, cirrose, overdose e DST's, respectivamente, além de várias outras que não menciono. Pô, sinceramente eu acho que essa minha maneira de torrar grana é muito mais saudável que qualquer uma das outras...

4) Last but not least: A preservação do carro em si. Não sei que ventos da inevitabilidade cósmica me levaram a encontrar esse carro em particular naquele bendito anúncio do Balcão.com. Mas encontrei, negociei e comprei. E ele não é um caso perdido, não foi dado como sucata, não é irrecuperável. Não vou canibalizar as peças pra outro carro se ele ainda tem salvação. Acho justo, digno e necessário salvar o que se possa em uma sucata para aproveitar na restauração de um carro melhor, mas estou falando de sucatas. Não de um carro andando. Claro, a situação dele é feia, precisa de muita grana e muito trabalho pra fazê-lo voltar aos dias de glória. Mas a missão de um fã não é preservar a memória? Sim, sou babão e acredito nisso. Quanto mais Opalas puderem ser preservados, melhor. De que adianta ter dois carros com valor incalculável trancados num museu automotivo? Carro foi feito pra rua. Tudo bem não rodar com aqueles modelos 1900 e guaraná de rolha, que se passarem de 20km/h desmontam (modelos T e afins): realmente seria um pecado pôr nas ruas do Rio de Janeiro um monumento às rodas de madeira; sejam bem guardados em redoma de vidro. Mas um carro de 40 anos ou menos, que dá couro em muito pseudo-esportivo por aí? Façam-me o favor, né?

Aiai... Momento de auto-avaliação e auto-afirmação extremamente necessário de tempos em tempos. Afinal, se eu não lembrar bem direitinho o quê, como e por que estou fazendo, acabo num hospício. #prontofalei, xingue-me quem quiser.

Nenhum comentário:

Postar um comentário